Navegando com o GRUPEGI

NAVEGANDO COM 
O GRUPEGI

Ana Regina Cardoso Cunha[1]

 

              Posso afirmar que navegar com o Grupo de Pesquisas e Estudos em Geografia da Infância – Grupegi – durante todos esses anos provocou muitas mudanças no meu pensar. No pensar com crianças, com educação, com profissionalismo; no pensar com o mundo.

              A profissão de professor exige uma busca perpétua por crescimento intelectual e foi o que encontrei nesses 10 anos do Grupegi. Os momentos de leitura e discussão, que acontecem semanalmente, promoveram uma modificação no meu ver e agir sobre a prática profissional. Sempre senti fome de conhecimento e desejava preencher uma lacuna que percebia existir na minha práxis. No grupo encontrei, entre outros pensadores, Bakhtin e Vigotski, esses encontros me levaram a refletir sobre várias leituras anteriores e assim perceber que muitos textos lidos por mim ainda não tinham sido compreendidos na sua essência. E tão belo é poder afirmar que todas as leituras do Grupegi sempre convergem com as palavras ricas e sábias dos textos do filósofo e educador Paulo Freire. Freire, presente, altivo na sua pedagogia crítica: não há vida sem correção, sem retificação.

              Tive a honra de assistir a exposição de várias pesquisas, dissertações e teses, realizadas pelos componentes do grupo. Pesquisas que sempre confirmaram uma característica importante nos nossos objetivos, que é alicerçar o estudo profundado sobre um tema que provoca uma questão educacional. Mais do que uma realidade intelectual o grupo promove um belo emaranhado de sentimentos, que avança nos sentidos do humano, daquilo que nos constrói com o convívio social. Traz de volta a criança que ainda existe dentro de cada adulto, porém, na maioria das vezes, se encontra abafada ou geralmente esquecida. Interage também com o caminhar dentro e fora dos muros escolares, oferecendo uma grata sensação de que cada amanhecer traz diferentes visões sobre o pensar e o fazer.

              Não posso me furtar de registrar que os diálogos trocados durante os encontros com o grupo sempre foram fortalecidos pelas contribuições que o professor Jader Janer Moreira imprime às discussões. Suas explanações nos provocam, despertam a vontade de navegar, de não voltar, de seguir em frente, de crescer. São falas que semeiam a capacidade de entender o argumento principal em que se baseia os estudos do grupo com a geografia da infância: “A Geografia da Infância busca compreender as crianças, suas infâncias através do espaço geográfico e das expressões espaciais que dele se desdobram, como a paisagem, o território, o lugar, mas é também o desejo de compreender as geografias das crianças.” (http://geografiadainfancia.blogspot.com/ acessado em 21 de agosto de 2020)

              Todas as leituras efetivadas durante as horas que estamos reunidos renovam o nosso saber. O saber de compreender que a paisagem que cada criança vê e a história (com)vivida com essa paisagem se mescla, se envolve com o seu meio cultural e essa interatividade junto ao conhecimento adquirido sobre outras culturas, outros povos, elaboram sua personalidade. É lugar de vivência somado a descoberta de novos lugares, em que se misturam suas geografias e seus espaços, que compõem a formação do que são e serão como seres humanos.

              Assim o Grupegi é o nosso porto, local das reuniões, que renovam as expectativas de cada elemento do grupo, com o compartilhamento de suas práticas e suas pesquisas. O conhecimento que cada um adquiriu caminhando por espaços e tempos que, muitas vezes, ainda não tinham sido totalmente explorados. Os relatos que cada um faz, são enxertados com as leituras acadêmicas e com as experiências dos outros. Dúvidas são levantadas, que estimulam a vontade de analisar com mais precisão os resultados e que permitem descobrir e fornecer argumentos para novas discussões, novas navegações.


Acervo da autora

[1] anareginacardoso@hotmail.com

 

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